segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Aumento do trabalho infantil em 2014 é 'flutuação', afirma ministra

A ministra do Desenvolvimento e Combate à Fome, Tereza Campello, afirmou nesta sexta-feira (13) que o aumento do trabalho infantil em 2014, demonstrado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), se deve a uma “flutuação”.

Para a ministra, não há uma reversão na trajetória de queda da quantidade de crianças e jovens que trabalham. Segundo ela, o que aconteceu é que 2013 foi um “ponto fora da curva”, já que naquele ano houve queda muito forte no trabalho infantil.
“O que eu acho é que a gente tem que olhar é a tendência. Será que 2013 não é um indicador fora da curva? Já estamos trabalhando em patamares baixos. As piores formas de trabalho infantil já vinham sendo reduzidas. Não acho que há margem de erro, acho que é flutuação. Se a gente olhar 2012 a 2014, você continua tendo queda. Você tem esse patamar praticamente estabilizado. Não encontro nenhuma explicação para justificar o aumento das crianças trabalhando, até porque o perfil não modificou”, disse a ministra.
De acordo com dados do PNAD, em 2014 havia 554 mil crianças de 5 a 13 anos trabalhando. Esse número é 9,3% maior do que em 2013, quando registrou 506 mil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A ministra disse, ainda, que a maioria crianças e adolescentes que trabalham hoje não estão em funções degradantes e pesadas, como carvoaria, mas sim atuando como pequenos agricultores ou no trabalho doméstico. Ela também ponderou que alguns jovens buscam uma “trajetória adulta” e que isso deve ser pesquisado pelo governo, para implantar modificações no currículo escolar.
“A maior parte dos jovens está na agricultura familiar e no trabalho doméstico. Que é aquela menina que trabalha dentro da casa e que é mais difícil de a gente chegar, a não ser com denúncia. E aquele pai que que coloca o filho para trabalhar. Muitas hipóteses não seriam consideradas trabalho infantil em muitos países, mas para a nossa legislação é”, disse.
Tereza Campello citou a própria família como exemplo, dizendo que seu “avô italiano” ficaria orgulhoso em ver os netos trabalhando no campo com ele. Ela destacou que os adolescentes que trabalham não são estão na extrema pobreza nem na margem de pobreza.
“Não são jovens em extrema pobreza. O trabalho infantil, então, não é porque a família precisa ou passa fome. Hoje quando você pega a média de renda, você não está trabalhando com jovens na pobreza ou extrema pobreza. E essas crianças estão na escola. Ainda temos que tirar essas crianças do trabalho infantil, mas conseguimos galgar andares”, disse.
Extrema pobreza
Tereza Campello afirmou ainda que os dados da PNAD revelam uma queda na quantidade de pessoas que se encontram na extrema pobreza. É considerado extremamente pobre, pelo governo, quem possui renda mensal de R$ 77. De acordo com a ministra, a pobreza extrema no país caiu de 4% para 2,8% da população.
“A taxa de extrema pobreza cai de 7,6%, em 2004, para 2,8% em 2014. O Banco Mundial coloca 3% da extrema pobreza como meta para ser atingida em 2030”, destacou a ministra.
Ela disse ainda que também houve queda no número de pobres. “Muita gente diz: ‘O governo passou a dar o Bolsa Família, tirou da extrema pobreza e a população ficou pobre. Cobriu até 77 reais e a população ficou pobre’. Mas a pobreza também caiu, foi de 22,3% em 2004 para 7,3% em 2014”, ressaltou.

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